Coronavírus na Estônia: como o país digital está lidando com a crise

Faz 2 semanas que estamos trabalhando de casa, e nos isolando para evitar a propagação do vírus. Por aqui, o país está em estado de emergência desde o dia 16 de Março –  escolas e universidades estão tendo aulas à distância e todo mundo que pode está fazendo home office. 

As fronteiras de toda a União Europeia estão fechadas até segunda ordem, e só tem permissão para entrar no país quem é residente. Todos são orientados a não convidarem familiares para virem à Estônia, embora ainda seja possível a entrada diante de uma situação emergencial.  

Ainda que os testes não estejam sendo aplicados em todos os passageiros que entram no país, há um controle de imigração rigoroso no aeroporto de Tallinn. Quem chega na Estônia recebe orientações para ficar em quarentena por 2 semanas e manter distância mínima de 2 metros de outras pessoas. Para sair do país, embora não haja nenhuma restrição, tem sido complicado devido à quantidade de voos cancelados.  

De acordo com uma pesquisa recente da Turu-Uuringute AS, uma empresa de pesquisa de mercado, a situação causada pelo coronavírus é considerada grave ou muito grave por 85% da população da Estônia, e 94% das pessoas estão bem ou muito bem conscientes de como se proteger do coronavírus. O estudo também mostra que 89% dos estonianos consideram apropriadas as medidas tomadas pelo Governo para a situação de emergência em andamento. 

Startups e as soluções tecnológicas

Dentre as medidas tomadas pelo Governo, a que está chamando atenção mundial é a busca por soluções inovadoras para lidar com a crise. A presidente da Estônia, Kersti Kaljulaid, tem se posicionado de forma certeira, ao apostar no que o país tem de melhor a oferecer: tecnologia e inovação. Ao relembrar que a colaboração entre startups e o Governo está no DNA da sociedade digital da Estônia, que vem se desenvolvendo em estreita colaboração com empresas de tecnologia há mais de 20 anos – desde a Independência da União Soviética em 1992 –  a presidente acredita no pontecial do país em transformar a crise em oportunidades econômicas. 

O coronavírus tem um forte impacto em nossa saúde e ambiente socioeconômico. Agora, quando a crise mostra os nossos pontos fracos, é importante que o setor público e o privado unam as suas forças e comecem a desenvolver maneiras inovadoras para sair de pé dessa situação. Reunir as mentes brilhantes que estão dispostas a fazer parte da busca e criação de soluções é o melhor começo para construir o nosso futuro para o período pós-crise.  (tradução livre do trecho retirado da entrevista com a presidente Kersti Kaljulaid para o Garage 48)

Após um hacktahon online – entitulado Hack the Crisis – cinco ideias inovadoras foram aprovadas com apoio total do Ministro do Comércio Exterior e Tecnologia da Informação, Kaimar Karu, e ganharam um suporte de 5.000 euros, além de mentoria de famosos empreendedores. Uma delas é a plataforma ShareForceOne, que trabalha em parceria com o Fundo de Seguro-Desemprego da Estônia. A ideia é tão simples quanto genial: é uma plataforma de compartilhamento de força de trabalho, que conecta empresas para troca temporária de funcionários.  Ou seja, se você tem uma empresa e não tem como bancar o seu funcionário por agora, o contrato pode ser transferido temporariamente para outra empresa que esteja precisando de funcionários no momento, como o setor de delivery.  

Além disso, a comunidade de startups da Estônia está se unindo à Mistletoe Singapore, a Comissão Europeia e outros apoiadores locais e internacionais, na organização de uma aceleradora online para startups que tenham potencial de apresentar um forte impacto na sociedade durante e pós-crise. Entre os mentores estão a presidente da Estônia, Kersti Kaljulaid e os co-fundadores da Bolt, Skype, PipedriveVeriffTestlio e muitos outros. Como todo o processo será feito online, as inscrições estão abertas até o dia 25 de Março de 2020 para startups do mundo inteiro. Pode encontrar mais informações neste link.

Diante desse cenário, a Estônia foi citada no artigo do Jack Ewing, no New York Times, como um dos países que estariam mais bem preparados para enfrentar a crise. Uma economia com muitas empresas capazes de fornecer seus serviços digitalmente e onde os funcionários podem trabalhar de casa deve ser relativamente resiliente. Este pode ser o momento da Estônia.” (tradução livre do trecho retirado do artigo – Some Countries Are  Better  Armored  for  Epidemics Than Others)

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